quinta-feira, 29 de setembro de 2011

prece

Que eu não perca a noção da proporção "real" das coisas.
Que essas lupas em meus olhos, ouvidos e mãos,
assim como esses caleidoscópios na minha alma, não me tornem ainda mais tola.
Que eu nunca esqueça de enxergar sob perspectivas maiores -a da eternidade se possível.
Que eu nunca assimile por completo a pretensão de não ser ainda mais tola.
Que eu nunca esqueça de me reposicionar diante do universo.
Que eu nunca esqueça de todo o encanto que há.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Limitados e infinitos, somos tudo e somos nada... Acho bacana isso de ser gente.



vida, dai-me malandragem.

"Tudo bem, até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem, seja o que for
Seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas"

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

recreio

  

















Sujar as mãos, as calças, a roupa toda. Me ralar, me machucar. Me arrebentar, quebrar a cara, um braço (quebrar as pernas), enfim... Eu posso, que é agora o momento das cicatrizes duradouras, da formação da pele grossa que vai me proteger mais adiante. É agora a hora de sentir as dores insuportáveis dos baques dos cotovelos na dureza das quinas dos brinquedos do parque, só pra saber depois que existem dores maiores e que essas minhas são infimamente suportáveis. Assim como é o momento de cair aos prantos por querer aquela bicicleta ou aquele tênis que acende quando a gente pisa, só pra saber depois que posso muito bem viver sem eles, e que existem milhões de bicicletas e tênis espalhados por esse mundão, que nunca deixarão de existir apenas por que eu não posso tê-los e que querer outras coisas é só uma questão de escolha, e sou eu que comando isso. 



Faz um tempo que eu me sinto assim, no recreio. 
De repente ele até dure pra sempre, não sei... Por enquanto me resta entrar na ciranda e brincar sem maiores pretensões.
nãodeviastersemetidonessenegóciodeamordenovo

Suor na testa, olhos aflitos, voz baixinha que revela:
"Deixei a pipa ir embora!"
Não tem problema...Tem outra! Deixa aquela voar.


O bom  e o ruim de ser pipa, é que a linha pode arrebentar.

c'alma


"Não somos mais

Que uma gota de luz

Uma estrela que cai

Uma fagulha tão só

Na idade do céu...

Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu...
...
Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé
Entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idadeQue a idade do céuA mesma idade
Que a idade do céu..."

[taquicardia]




 o pulso 
ainda pulsa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Viver dói e é perigoso.
Engraçado... Eu não tenho medo. Nem do mundo e nem das pessoas.
Tenho medo é das palavras.
Palavras têm vida própria, são irrecuperáveis e quase incontroláveis.
Palavras são seres arbitrários que muitas vezes se tornam traiçoeiros.
Delas sim tenho medo.
As pessoas, essas dividem comigo os mesmo dramas, eu sei que o máximo de maldade que podem fazer é me matar.
As palavras, essas já não matam de verdade, mas matam da pior maneira, enquanto ainda estamos vivos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011




terça-feira, 13 de setembro de 2011

esse cara me entende


exa-gerei quimeras

 Tinha guardado estrelas pra gente brincar depois,
e um monte de flores,
Umas bolhas de sabão pus no bolso,
Algodões macios escondi entre meu pescoço, nuca e cabelos pra que achasses mais tarde,
Ventos suaves acomodei entre minhas pálpebras pra te oferecer quando nossos olhares fossem dançar
Um punhado de jardim tinha plantado na minha alma pra te aconchegar e te oferecer cheiro de mato e de tantas cores das flores mais diferentes e bonitas que eu fosse capaz de oferecer
Me encharquei de chuvas imensas  só pra te proteger da seca sempre iminente
Tinha embalado pra viagem três vôos serenos pra te envolver nas noites de inverno (de um urubu, de um beija-flor e de uma monarca azul)
Absorvi a  energia de árvores gigantes e muito antigas só pra alimentar tua alma.
Tinha ouvido todos os sons do silêncio e guardado pra te dar
Todos os mares do universo eu tinha posto debaixo do braço pra regar teus desertos
e pra nadarmos  -náufragos que somos- juntos e sem rumo
Tinha enchido  pra ti infinitos sacos com os sorrisos e olhares brilhosos das crianças todas desse mundo
Havia recolhido todas as chaves e as ofereceria a ti
Peguei meu mundo e enrolei num pano delicado pra te dar

Como se já não tivesses brinquedos suficientes e nem um céu todo teu,
Como se já não tivesses não somente um jardim, mas toda uma floresta florida
E como se toda a fragilidade e encanto das bolhas de sabão já não fossem teus
Como se tuas mãos já não tivessem algodões dos mais macios e doces para colher
Como se todos os ventos, tanto brisas quanto furacões, já não te pertencessem
Como se teus olhos já não tivessem companhia pra dançar essa vida doida de ritmos estranhos
Como se a tua alma já não fosse só de chuva e seca ao mesmo tempo
Como se tuas próprias penas não fossem suficientes para dar serenidade a teus vôos
e como se não tivesses a convicção de que não podes voar,
Como se tua alma já não fizesse fotossíntese,
Como se não fosses feito todo de silêncio.


Como se um mundo similar ao teu fosse te trazer algo de novo, encantador ou grandioso,
Como se não fosse necessário antes de tudo isso, realmente quereres
ou precisares de um mundo de presente,
Como se um universo transparente, desfocado e esquisito fosse te dar alguma alegria
Como se todas as tristezas da vida já não te pertencessem
Como se em teu país ainda não tivesse havido uma revolução
Como se outras pessoas já não povoassem a terra que és
Como se o carinho e proteção do mundo já não te esperassem no aconchego de casa


Como se todas as crianças do mundo já não fossem tuas,
Como se eu não tivesse medo das palavras, te ouvi.
Como se eu tivesse todas as chaves desses cadeados, destranquei minhas portas pra tua voz, teu nada, teu oceano deserto de palavras, pra ti.
Como se já não possuísses profundezas oceânicas, quis atingir contigo o profundo dos cosmos
E como se nossas almas não existissem sós,  achei que alguma fusão houvesse acontecido

Tudo isso guardei e te ofereci
Como se realmente precisasses de qualquer coisa dessas,
E como se não fosse eu, o tempo todo, que as quisesse ter.

onde fica esse "aqui" mesmo?

Oi vácuo do universo! Cheguei e esqueci de te cumprimentar... Pois é, eis-me aqui rendida pela possibilidade de meus pensamentos ecoarem pela eternidade nesse vão estranho que é a internet. Nunca quis fazer um blog, nunca achei que fosse ser útil a mim, ao mundo, ou a qualquer coisa. Mas outro dia me toquei que o único suporte não perecível de memórias e pensamentos existente nesse nosso mundo doido, é a bendita internet. Não que eu tenha algo a acrescentar ao mundo, mas é que me agrada a possibilidade de com alguns pequenos movimentos eu ter acesso a pensamentos que talvez já nem me pertençam mais, com os quais talvez nem concorde mais e cuja relevância já nem me interesse talvez.
Interessante poder entrar em "contato" com a pessoa que fui há instantes atrás, ou há dias, anos atrás... E eu sei que muitas vezes a eu que lerá já não será a eu que escreveu. Aqui é então uma boa forma de catalogação das eus que me habitam, me frequentam ou que passam por mim. 

E se as fotos e os vídeos já fazem esse papel de portais ludibriadores do tempo e do espaço, a internet desbanca a todos e vem entregar, a quem interessar, o poder da eternidade.
Simples assim: aqui nada envelhece. Aqui tudo é eterno e plano. Aqui nem o cheiro da morte passa perto e só o que pode haver de fim é o abandono, mas mesmo diante dele a proteção de estar sendo vigiado por infinitos olhos espalhados pelo mundo traz algo de relativo conforto. E aqui é um lugar que nem existe e ao mesmo tempo existe em toda parte. Aqui se tem o controle da existência e se se cansa dela basta excluí-la (sim, é indolor).  E aqui não há lixo, ou melhor, o lixo que há não ocupa espaço e não polui. 
É, enfim, uma boa dimensão pra se passear de vez em quando, um bom refúgio... Aqui as vozes não falam e as palavras são enxergadas e não ouvidas. 
Aqui há um grande silêncio, dá pra gritar sem causar incômodo. Dá pra ficar diante do vácuo sem a iminência de cair. Ok, me convenci, aqui é um (não)lugar legal pra se brincar.
......
Ah sim, vou usar o blog como portfólio também já que às vezes é necessário... Então deixa eu explicar: a maioria das coisas que posto aqui são de minha autoria (textos, fotos e ilustrações), o que não é meu está devidamente identificado. Tá bom? Se não conseguires entender nada e sei lá por que razão ainda queira falar comigo, podes entrar em contato pelo email carlaantunesmcp@gmail.com e carlaantunes.edu@gmail.com, que  aí resolvemos essa parada.  (:

Flickr: http://www.flickr.com/photos/carlaantunes/
https://www.facebook.com/carlaantunesmcp

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

                                             http://www.youtube.com/watch?v=4Bn2_Tlp-FE
                                                         "serenade the dawn..."























sábado, 10 de setembro de 2011

Em busca de monarcas azuis  inalcançáveis 
-arbitrariamente clamando por simplicidade- acabei por esbarrar na fragilidade. 
Essa plantinha trêmula que se esconde pelos cantos empoeirados das 
ruas, calçadas, letreiros, estradas e castelos que existem dentro de mim.




Eis que outra vez o mundo todo vira uma música de fundo. O que houve pra eu esquecer de todo o resto? Não sei... Nem sei a que “todo o resto” me refiro aqui, pois o meu todo sempre foi o resto, e o que me resta é tudo o que sempre tive. Nada muda e tudo permanece, ou, tudo muda e nada permanece.