terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Á minha espera, para que salve à mim mesma.









Deitar nos trilhos, impulsionar-se em direção ao caminhão, saltar dum lugar longe do chão, cair num lugar sem fundo, voar para a hélice de um avião, mergulhar e não voltar, afundar...
Fazer tudo isso e esperar...
Esperar ser salva....
De si mesma. Do peso todo que há. Dos buracos. Das imagens embaçadas.
Dos sentimentos desfocados.

Ser salva dessa sensação de precisar ser salva.

sábado, 14 de setembro de 2013

problema de coração


até que um dia cai*





*A frase na ilustração é da música "Anjos Caídos" da banda Cordel do Fogo Encantado

terça-feira, 16 de julho de 2013

Santa tempestade



Nossa senhora da tempestade...
Me molhe.


Nossa senhora da mágoa...
Me deixe.


Nossa senhora do vôo...
Me leve.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Morreres

Outro dia tive a sensação de conhecer a morte. A senti como um sopro forte e esmagador. Um sopro de dentro pra dentro, que ofega a respiração e suga todo o espírito para si mesmo numa súbita contração da vida. Me senti como um abismo caindo dentro dele mesmo. Como o ato de engolir o mundo  que bruscamente volta-se para o próprio eixo da garganta e desdobra o ser ao avesso, fazendo com que ele mesmo se engula.  Foi como perder a consciência em um liquidificador e o sentir sendo ligado de quando em quando, por frações de segundos e nestes instantes assistir ao esfacelamento do que já há muito não era inteiro.

Esse sopro me ronda, e faz parte de mim. Ele me faz buscar a dor, o sofrimento, a porrada, o choro. Me faz sentir a necessidade de me aniquilar, mesmo que sutilmente, buscando na vida tudo aquilo que me morte. Há outros sopros que me compõem e que me puxam a outros desejos me salvando de mim mesma. Às vezes eles são fortes o bastante, às vezes não. Eu fico no meio, me debatendo, borbulhando de um extremo a outro como o mercúrio cambaleia dentro de um termômetro.

Parece que quando viver passa a pesar, áspera e sufocantemente, voltar atrás acaba se tornando impossível. E parece também que só o que se pode fazer é sentir o peso cada vez mais pesado do mundo ou amenizá-lo com os subterfúgios mais práticos e eficientes, convencendo a si mesmo de que a vida pode ser menos densa do que ela realmente é.




segunda-feira, 8 de abril de 2013

e o tempo levou...































Tempo é esse sopro que nos leva e nos muda, e nos planta, e nos germina, sem que a gente perceba.

E só o mundo nota tudo o que ja fomos, e só ele conhece tudo o que ainda vamos ser.


(O da direita é o meu Pai, autor  da foto é desconhecido)





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

certoerrado


Bem e mal, certo e errado. Não existem. Existe você. Existem suas vontades, expectativas... E as pessoas. “Os outros”... Eles também existem, com seus próprios vislumbres. As pessoas se sentem bem ou não, de acordo com o que lhes rodeia. Elas podem fazer bem ou mal umas as outras, mas isto é secundário diante da linha progressiva que guia seus atos visando um “ir” que lhe cause o bem. As pessoas querem se sentir bem. Tem uma força que move a todos e faz com que viver tenha algum sentido, e esta força se extrai justamente do viver. E no viver, as pessoas buscam seu próprio bem-estar. Independente “dos outros”. Não de todos os outros, mas de alguns. Por que uma parcela dos “outros” é necessária para que este bem-estar se estabeleça. De repente não exista bondade, não exista amor, não exista paz. Talvez só exista a liberdade. E nós.

Talvez esses substantivos abstratos sejam o coelho das corridas de cachorro. Algo a ser buscado, seguido. Algo que nos impulsione em frente com tanta força que não possamos nos deter e nem somos capazes de entender ou querer entender o por quê.

O que diz se algo é bom ou ruim? Seria o número de pessoas que se beneficiam com ele em detrimento ao número de pessoas que se prejudicam? Se deixar mais pessoas felizes do que tristes, este será algo bom? Ou seria a intensidade da felicidade ou da tristeza a unidade de medida mais adequada? Será mesmo que alguma coisa nesse mundo pode ser medida? Por que esperar dos outros exatamente aquilo que  não sou capaz de fazer? Por que exigir que as pessoas sejam exatamente o que eu não sou? Por que necessitar de tanta atenção? Por que tentar fugir tão desesperadamente da condição humana mais forte? Por que seguir em meio a toda essa estrutura de caminhos pré-traçados? Caminhos prontos desde muito antes de nascer. De eu nascer. De os outros nascerem. O que é um caminho? O que é andar? O que são essas estradas misteriosas que se cruzam dentro de mim? É tudo feito de medo. E é tudo falso. E todo mundo se empenha tanto em falsear ainda mais tudo o que existe... Fuga! Fuga...

Entre dormências e espasmos ainda sinto estrelas nascendo em mim. Sinto que nada é real e ao mesmo tempo tudo o é. Preciso parar de querer tanto. Preciso não esperar tanto das pessoas. Preciso não adotar como meus os substantivos abstratos que movem esse mundo. Coisas me fazem bem e coisas me fazem mal. Mas eu nem sei o que significa isso direito. As pessoas só estão tentando viver, elas não tem a menor culpa. Culpa é outra coisa que não existe... Tudo age por uma força motora oculta que impulsiona tudo à frente. E por isso existe amanhã. Eu não sei de nada. As pessoas não sabem. Quem escolheu no que temos vindo acreditando durante todos esses milênios? Quem escolhe que caminhos devem seguir os amanhãs?

Me sinto aprisionada pelas palavras, e vejo que toda a humanidade está. Imaginam uma revolução das máquinas, da inteligência artificial... Falam em controle do criador pela criatura... Pra mim, isso já acontece desde que inventaram a palavra. Eu quero compreender o que é isso tudo sem a barreira das letras, das frases, dos significados. Eu quero sentir de fato, SENTIR, sem referências, parâmetros ou conceitos. Eu quero querer outras coisas e não a isso a que me sinto tendenciada. Eu não quero querer as pessoas. Eu não quero me aprisionar a elas e tentar a todo custo aprisioná-las a mim, como se nada do que lhes faz bem fosse tão importante quanto eu, como se fosse ao meu redor que flutuasse o universo todo. Quero ser capaz de apenas prolongar o que me faz bem, e até enquanto prolongar o que faz bem aos outros me fizer bem, também quero querer isto. Quero não esquecer que não há no que se apoiar. Não há esteios, eixos, pilastras. Não há nada além da vida. E que não há nada além de mim e os outros. E que todos estamos e sempre estaremos sós.  E que talvez nada haja que nos assemelhe além da liberdade que possuímos. Somos livres. E não sabemos o que buscar. Enfiaram-nos metas goela abaixo. Enfiaram-nos sentidos, objetivos, motivos. Me recuso a ser submissa de um senhor que nem existe. Me recuso a correr atrás do coelho. Eu quero... Eu não sei o que eu quero. Mas eu sinto. Há algo imenso que sinto. Há uma inundação em mim. E isso me impulsiona em todas as direções e ao mesmo tempo imobiliza.

Não sei. Por que todo esse espetáculo? O que eu faço aqui no meio? “Chegou a sua vez”. Diz alguém lhe tocando as costas. Aqui, todo segundo é “a sua vez.” E em todo segundo você sabe que o que menos sabe é o que fazer. Vexatório isso de viver... A maldade existe. Eu a vejo com todos os milhões de olhos espalhados na minha alma. Sinto que talvez quem outrora afirmou que somos todos maus estivesse certo. Tem muita maldade em tudo isso. Ás vezes parece que é ela que move tudo e é ela que faz as plantas crescerem e não o amor como alguém me disse uma vez olhando em meus olhos.  Mas talvez isto seja no que a própria maldade quer que eu acredite.

Talvez a maldade seja eu. Talvez sejam os meus medos ou os meus sonhos. Talvez existir seja uma maldade inevitável.

Temo monstros que não existem. E ignoro os anjos. Mesmo que não existam erros, parece que é tudo um grande equívoco.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sundown - The Jesus and Mary Chain

"Faça uma prece pra mim. 
Se lembre que eu respiro. 
Eu respiro. 
O sol está se pondo. O sol está se pondo... Em mim."

Jesus and Marychain - Sundown