quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Entre cãibras e espamos



Dormência e taquicardia




*A primeira foto foi tirada pela Aline Antunes

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Não (?)

Não seja professor. Não seja o professor que os alunos gostam. Não crie afeição por seus alunos. Não crie tanta afeição por tudo. Não faça coisas que as pessoas chamem de arte. Não se sinta bem sendo um incômodo -por mais leve que seja- no sistema do qual és parte. Não seja sensível em demasia. Não seja um incômodo para sua família. Não seja o estranho entre os seus amigos de infância. Odeie os detalhes. Não seja observador. Não fique surpreso com tudo que existe. Não filme eventos irrelevantes do cotidiano como pássaros voando ou gatos pretos andando em muros. Não cante alto quando estiver só. Não dance como se ninguém estivesse olhando. Não dance. Não ame a solidão. Não ame esses dias entre fins de dezembros e inícios de janeiros. Não ame. Não tenha vontade de fazer Tai Chi Chuan. Não pare para olhar a lua. Não pare. Não pare para ver o sol -seja indo ou vindo no horizonte. Não tome banho no maior rio do mundo. Odeie o maior rio do mundo. Não deixe a janela aberta. Não pesquise no google sobre os sons de Júpiter e nem de Saturno. Não faça desenhos. Não fale. Não escreva nada. Não minta. Não chore. Não tente resolver. Não tente fingir que é capaz de pinçar apenas o que lhe interessa na vida adulta e sair incólume. Não precise lidar com números. Não chore. Não tente entender. Não tenha dificuldade com definições. Não exista. Não seja. Não queira. Não sinta. Não tente entender.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

visitas

Há um feixe de luz que às 17 horas me visita. Forte, alaranjado, concentrado, certeiro e bonito. Vem de fora, cortante, invade a casa e divide o caminho por onde passo. Pauso. Tento tocar sua etérea materialidade. Ele me toca, me contorna. Sorrio, o transpasso e sigo.

Há uma escuridão que me visita -sempre. Não entra pois que é dentro. Ela preenche todo o ar, assim me abraça confortavelmente... É bela. A admiro. A contorno. Dançamos. Dormimos. Sorrimos, ela me transpassa e fica.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Hoje

...é quando as plantas começam a secar no quintal.
É quando as cores começam a desbotar.
É quando quebram-se as bússolas.
É quando desmantela-se o que já foi - ou pareceu ser- inteiro.
É quando não sei onde pisar mas piso.
É quando respirar não é suficiente.
É quando -ofegante-  não sei, mas vou.