quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Aquarela




Meu primeiro encontro com ela e já consegui chegar em lugares os quais, sem sucesso, há muito, procurava. Ao menos houve cor e leveza e o que dói doeu um pouco menos. Continuei sentindo quereres sobre estar em outros lugares que não estes aquis que me são possíveis nestes agoras. Mas teve algo de sereno que me acalentou. Bom saber que posso construir lugares assim e que eles estão dentro de mim. Isso de mexer com cores, faz ressoar umas músicas bonitas em mim... Como é maravilhoso poder contar com isso! Ainda são parcas as palavras por aqui, guerreiras no deserto "seguem o seco" e conseguem musculatura para quebrar buracos nas crostas desse num sei quê que tem me abraçado tão forte. Quero logo os amanhãs que esses hojes tem me dado febre demais, calafrios e vertigens demais. 

sábado, 5 de novembro de 2016

Uma prece para o abismo do que não conheço

Quanto tempo alguém é capaz de permanecer sentado sobre as sombras de sua própria solidão? De que matéria são feitos esses dias tão pesados que passam tão l e n t o s como quem nem gostaria de passar? Quantos demônios cabem nessas horas seculares em que tudo cabe mas nada convém? Quantos anos passaram-se hoje? Quantos terão passado até junho do ano vindouro? Quantas eus passarão até lá? Pode dar à luz quem só conhece à sombra? Onde a centelha divina? Onde o eu maior? Onde fui parar que não me encontro? Entrei em coma ontem e não consigo acordar. É escuro e devagar aqui. Ouço ao longe muitas vozes. Gosto da experiência de passar o dia a ouvir o silêncio, de não traçar palavra alguma, de não produzir som nenhum, de só ser e escutar. Há tanto lá fora e eu insisto em entrar. Mais um tanto de hectares inexplorados a descobrir. Sem asas desta vez... Com todas as forças que minha pequenez pode ter, com toda a densidade que a carne do meu coração carrega e todo o sentimento que possa caber em meu útero. Eu te enxergo e te abraço, peso de tudo o que não me é conhecido. Abismo do desconhecido, não sem medo, te digo: vem!