Esse sopro me ronda, e faz parte
de mim. Ele me faz buscar a dor, o sofrimento, a porrada, o choro. Me faz
sentir a necessidade de me aniquilar, mesmo que sutilmente, buscando na vida
tudo aquilo que me morte. Há outros sopros que me compõem e que me puxam a
outros desejos me salvando de mim mesma. Às vezes eles são fortes o bastante,
às vezes não. Eu fico no meio, me debatendo, borbulhando de um extremo a outro
como o mercúrio cambaleia dentro de um termômetro.
Parece que quando viver passa a
pesar, áspera e sufocantemente, voltar atrás acaba se tornando impossível. E
parece também que só o que se pode fazer é sentir o peso cada vez mais pesado
do mundo ou amenizá-lo com os subterfúgios mais práticos e eficientes, convencendo a si mesmo de que a vida pode ser menos densa do que ela realmente é.