quinta-feira, 22 de março de 2018

Ojos morochos

Toda santa vez que a vejo acordar meu conceito de beleza é "atualizado com sucesso". E não é por causa de seus olhinhos puxados (herdados do pai) e a deslumbrante mistura de cores que os assemelham a pedras preciosas (ou apenas "los ojos morochos mas lindos que vi")... É que a cada vez que vejo suas pálpebras abrindo e lhe revelando o mundo novamente a vejo me olhar como quem contempla o infinito do firmamento, sinto a profundeza do seu olhar me atravessando com a delicadeza e todo o mistério que só os recém chegados nesse plano são capazes de carregar... 

Não tem a ver com os seus olhos,  mas com o universo que transborda deles e me atinge de forma aguda, toda santa vez que ela acorda. É lindo... E é sempre uma lindeza diferente...

terça-feira, 13 de março de 2018

Nada com nada

Abro a porta às dez da noite, ponho-me a empurarr os olhos pra fora, só pra confirmar que é noite. É noite. O vento frio e amarelado de rua deserta e molhada me reafirma que é mesmo noite agora. Há vazio, há niguém, há nada ali além do meu olhar que paira loucamente de um extremo a outro da rua. Não existe fora e nem dentro quando ponho os olhos da porta pra lá.

"Tiro na mente"... Ouvi duas vezes essa frase essa semana... Num mesmo dia, aliás. Mesma conversa, na verdade. Nunca havia ouvido e muito menos pensado na possibilidade... BUM! Perfurou minha cabeça ouvir esse conjunto de palavras... Poderia a mente ser acertada fisicamente, seja lá pelo que fosse? 


E como é o inverso de um abraço? Uma sensação forte e desamparadora de não-encontro de corpos e almas, de não-contato, de não-afeto... Como é isso? A sensação dura e ávida da ausência de pressão da matéria corpórea de um ser sobre outro de forma simultânea. Acho que envolve sentimento além do sensório... Se o abraço é algo bilateral, o não-abraço também o é? Bem que poderia, mas me parece que não.