quarta-feira, 8 de abril de 2015

Eu. Aqui. Agora.

Tem uma agonia, uma inquietação, um peso que me acomete de vez em quando - principalmente nos dias em que menstruo.- Não sei se acontece com todas as pessoas (que têm útero, claro), mas é muito estranho existir nesses dias... Ou, nesses dias entendo mais bruscamente quão estranho é existir... Cada ser. Cada cor. Cada corpo. Cada voo. Cada andar... Delicadas perturbações que me esmagam a alma. Me esmagam e ao mesmo tempo me fazem chegar em terrenos esquecidos/adormecidos dentro de mim.

Eu existo, tudo existe. Há vida. Há morte. Não é tudo sobre mim, mas tudo existe por que eu existo, afinal cada um é criador de seu próprio "tudo". Quando chegam esses agoras, me sinto menor/maior. Explodo, gozo, choro. Êxtase... Uma espécie de espasmo - só que duradouro- de lucidez.... Me sinto conectada. Me sinto bem, me sinto mal. Me sinto. Universo, uníssono, um, uma. Eu. Aqui. Agora. Pequena mente, pequeno coração, pulsação... De cá chora meu espírito um cântico de amor e dor, uma prece por todas as vidas que escorrem esquartejadas pelas ruas, pelas matas, pelas pontes, pelos mundos. Toda essa gente que vive tanto, que morre aos prantos, que não entende, que esbraveja, que quer amor, que odeia, que fere, vive, dói e arde.

Eu, gente, hoje: existo. Ontem: existi. Amanhã: não sei. Ontem morri, hoje morro, amanhã também. Abençoados sejamos todos nós, que existimos e desconhecemos o universo. Que somos/estamos e disso mesmo padecemos. Abençoados sejamos, seja lá pelo que for.