sábado, 7 de julho de 2018

Ano I






Curioso como um ano pode passar tão rápido e ser tão gigante ao mesmo tempo. Uma vez eu vi um ninho de beija-flor, feito  num fio de energia, dentro de uma construção inacabada. Eu que sempre imaginei um ninho de beija-flor na infância, me emocionei e achei que nunca mais veria um igual. Eis que no sábado em que Ceci completou a primeira volta em torno do sol, vimos juntas uma mãe beija-flor, de uma espécie grande com peito branco, chegando em seu delicado ninho indo ao encontro de seu minusculo filhote. Quão pequena vida! Quão pequenas as nossas!? Nesse dia vimos também três anus brancos, enormes, abrindo suas lindas caudas e saltando entre os mururés no que parecia uma perseguição coletiva. Aprendi o nome regional do anu branco nesse dia, mas já esqueci.

Tem uma coisa de sol que a Cecília me apresenta que inaugura uma energia nova nesse meu universo tão lunar. É também uma coisa  forte de silêncio e de presença integral, que ilumina e aprofunda cada segundo como um outro tipo de consciência da existência, mais atento e sensitivo. Me pergunto como uma mãozinha tão pequena, tão leve, tão macia, pode ser capaz de me tocar tão profundamente. Só sei que agora choro como quem é feita só de água. Preciso ouvir o que todas essas coisas me dizem antes que seja tudo diluído pela maré do devir.