segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FOME!

Ano estranho esse dois mil e onze...

Definitivamente, a palavra que o descreve é intensidade.
Não sei ao certo quantos anos se passaram dentro desse, sei que muitas pessoas esbarraram em mim por caminhos infinitos, assim como muitos caminhos esbarraram em mim por pessoas infinitas.
Não me lembro de em toda a minha vida ter permitido tamanha invasão em meu território... Não me lembro de ceder tantos lotes de mim assim...

Vivi momentos de sentir a eternidade nas mãos, de ouvir a música do universo e notar que o ritmo se assemelha ao do meu coração.
Teve riso, muito riso. Teve brilho em muitos olhos. Closes, zoons e tudo o que é o mais perto possível. Teve laço, teve abraço, teve plano, teve suor, teve cansaço, teve amor, amizade, teve ódio, teve muitas flores, muitas nuvens. Nuvens demais.

Fui ao céu e caí de lá várias vezes. Criei asas e troquei as penas numa velocidade até então desconhecida. Fui deus e fui também demônio.

Muitos acasos e muitas borboletas me levaram a lugares aonde eu queria exatamente estar e a outros nos quais nunca me imaginei, pelo contrário, sempre evitei, repudiei...
 Recebi marteladas as quais já fazem parte do que sou hoje e já me arrancaram um punhado bem grande de qualquer leveza que eu pudesse possuir até então. Agora em algum lugar aqui dentro há muito espaço pra ser aço, pedra e lama, onde antes sempre foi jardim.

Meu corpo virou -mais que nunca- um trombolho desgovernado. Me saturei de mim. Me expeli de mim. Minha mente virou um ruído de fora do ar.

Implorei pra que o mundo parasse, pra que eu pudesse descer, mas que nada, ele só acelerou.
Nunca agi tanto, nunca mudei tanto, nunca falei tanto, nunca dancei ou chorei tanto quanto nesse ano. Nunca havia vivido tantos ''tantos'' assim.
Muita coisa bonita. A beleza superou a maldade, de longe.

Nasci e morri mil vezes. Como sei que deve ser.

Fechei os olhos e quando os abri, notei que estavam mais abertos que antes.
Sobraram ainda muitas folhas secas, explosões e silêncio. Sobraram ainda muitas coisas que não deveriam sobrar.

Esse foi um ano de muitas voltas ao infinito. Um ano doido, frenético, neurastênico, caótico... Amei ele por isso.
Prefiro o movimento, mesmo que requeira sacrifícios montanhosos.

O que fica é uma grande tontura de quem fez e sentiu muito, tudo ao mesmo tempo.
O caos de sempre, mas elevado a alguma potencia desconhecida.
Fica uma náusea, uma febre, uma vertigem.

Termino esse conjunto de meses sendo muito menor do que sempre fui.
Com medo, encolhida num canto.
Mas com uma ânsia gigante de vida, de universo, de gente.




Dois mil e onze me presenteou com muita sede, e com muita fome de horizonte.
Infinitamente, obrigada.