sexta-feira, 16 de outubro de 2015

águas de outubro - cantares líquidos - sopros, sonolências

Vem a onda e bate, espalha, balança e volta.
Constante impermanência, ruído salutar, barulho de água, canção de ninar.
Carinho nos olhos, vibração suave, vento na alma, leveza.
Espaço - tempo sem tensão, descanso, alento, mansidão.
Calmaria. Acalma. Acalmar... Calmario, com alma, calma/rio.
Mente oca. Ondas cerebrais líquidas. Volume baixo na cabeça, volume alto na água.
Fluir... Fruição.

Vem a onda e bate, espalha, balança e volta.
Cí-cli-ca....
Massageia as dores. Desembaraça o que é amargo.
Água santa que nada quer, nada espera, nada olha.
Apenas É, apenas molha, bate, espalha, balança e volta.

De onde vem o sol?
Vem dela, a mesma dona soberana da lua.
A dona de nós. Ela.
Aquela que enxarca, aquela que abraça, aquela que reflete, aquela que dilui.
Aquela que evapora, aquela que congela, aquela que derrete, aquela que flui.
Aquela que pinga, aquela que banha, aquela que rega, aquela que há em nós.
Aquela que tanto me fala sem precisar de uma só voz.
Ela que são muitas e que estão em toda parte.

Elas que dançam, elas que amansam, que carregam os barcos, que suportam os navios.
Elas que lavam, elas que testemunham, e que cantam pra quem sabe ouvir.
Elas que ajudam o universo a soprar seus cânticos afetuosos pra gente dormir.