sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Foi um sonho (?)


Emergi numa dimensão onírica mas muito concreta. Deve ter sido a primeira vez que tive a sensação de estar sonhando durante um sonho. Mas era tão material o meu redor que ali me convenci de que eu realmente estava. Olhei atenta o lugar deserto, tentando fixar os detalhes de onde jamais estivera, até aquele momento. Era um local com ares de casa antiga, mas a arquitetura mais parecia algo contemporâneo, brotado da espontaneidade da necessidade. A Pintura lilás, de tinta esmalte brilhosa, estava por toda parte e fazia reluzir as linhas arredondadas e orgânicas do reboco que cobria a mureta e as paredes. Ninguém por perto. Era noite. Lugar desconhecido. Minha consciência surge naquele lugar misterioso, cujo deserto tão evidente me despertou fantasmas e sobressaltos. Meu olhar pára numa espécie de cabine, feita do mesmo cimento e coberta da mesma tinta. Havia nela um balcão, como uma baiúca de vender açaí, ou mesmo uma área de lazer de um residencial, com aquelas churrasqueiras grandes de tijolos. “Não tem ninguém aqui” tremia meu pensamento enquanto eu sentia o medo subir pelas pernas...  Me aproximo e enxergo na parede da cabine, imagens de santos ou algum tipo de iconografia sagrada. Algo puxa meu olhar para o outro lado da rua. Os muros baixos permitiam esticar meus olhos ao longe apesar do breu. Um cemitério!? Um cemitério!! Tinta fresca, azul anil, detalhes brancos. Mesma estética de cimento de linhas tortas… Era tudo o que eu conseguia ver além das sombras e da escuridão. Olho rápido ao redor... “Não tem ninguém aqui!”. Suspiro forte. Tela preta. O medo me leva. Sumo.